Os 5 Principais problemas dos Oceanos...
A natureza tem capacidade de se reconstruir e refazer, no caso dos oceanos isso não é diferente, no entanto, nas últimas três décadas as águas marinhas ingressaram em um intenso processo de poluição, os níveis se elevaram de tal forma que os oceanos e mares já não conseguem se regenerar. As águas dos oceanos e mares são contaminadas e poluídas, principalmente, pelos dejetos introduzidos pelos rios que, em sua maioria, deságuam no litoral, desse modo, a poluição pode ser emitida em grandes distâncias, porém seus reflexos são percebidos em áreas costeiras. A poluição oceânica é oriunda principalmente de esgotos e produtos químicos e tóxicos, além do petróleo, que provocam sérios prejuízos à fauna e microfauna, como plânctons, e também ao homem.
Quase todos os rios carregam poluentes para o oceano. Além disso, as cidades costeiras contribuem para a poluição dos mares lançado, nas águas, esgotos e outros resíduos urbanos. A grande extensão dos oceanos dilui os poluentes. Entretanto, como despejo de materiais vem o correndo ano após ano, a concentração de muitas substâncias está aumentando perigosamente, principalmente nas plataformas continentais, onde se concentra grande parte da vida marinha. Cerca de 35% de todo o Esgoto domiciliar acaba alcançando os oceanos, sem receber nenhum tipo de tratamento e contaminando as águas e as praias com Bactérias fecais.
Os oceanos são contaminados por agentes químicos outros inseticidas e mercúrio, resultantes da atividade agrícola ou industrial. Objetos de plástico são lançados em grande quantidade nos oceanos e permanecem no ambiente por séculos. Um grave aspecto da poluição oceânica é o comprometimento da comunidade aquática. Embora as águas costeiras representem apenas 0,5% de todo o volume dos oceanos, elas concentram mais de 90% de toda a biomassa marinha. Acreditasse que mais de 50% doa ecossistemas marinhos já estejam de alguma forma afetada pela presença humana. As brânquias de peixes, crustáceos, moluscos e outros animais marinhos ficam encobertos pelo óleo, que impede a ocorrência de trocas gasosas. Aves aquáticas ficam com as penas encharcadas de óleo e não consegue alçar voo, muitas morrem afogadas.
A ACIDIFICAÇÃO

Atualmente, os oceanos absorvem mais de 26% do dióxido de carbono emitido pela atividade humana na atmosfera, resultando em elevada acidez dos oceanos (pH reduzido). Essa acidez elevada tem diversos efeitos sobre organismos e ecossistemas, sendo o mais significante a diminuição na concentração/disponibilidade de íon carbonato para o plâncton e espécies de conchas que fixam carbonato de cálcio. Uma vez que o pH “limite” é atingido por um dado organismo, ele não pode mais fixar carbonato de cálcio nas suas conchas e é ameaçado de extinção local. Esses organismos de carbonato de cálcio, principalmente fitoplâncton e zooplâncton, e também alguns moluscos, servem como base de muitas das cadeias alimentares marinhas em vários tipos de ecossistema, realçando o impacto potencial da acidificação em ecossistemas inteiros. A cultura marinha de moluscos também pode ser afetada.
O outro problema do CO2 surgiu apenas na última década, e são necessárias mais pesquisas para desenvolver projeções significativas dos seus impactos nos ecossistemas marinhos e na pesca, bem como para identificar limites que, se forem ultrapassados, podem tornar esses ecossistemas incapazes de se recuperar.
Além de mais pesquisas, são necessárias ações para reduzir e reverter os impactos da acidificação. São necessárias ações imediatas e coordenadas pela comunidade científica internacional e pelos formadores de políticas para mitigar com urgência esse tema emergente – a questão foi abarcada pela Declaração de Mônaco, em 2008, mas ainda não foi implementada. Enquanto essa proposta trata somente da acidificação dos oceanos, o tema sobre o armazenamento de carbono em formações geológicas submarinas também precisa ser discutido.
REDUÇÃO NO NÚMERO DE ESPÉCIES
O estado da pesca no mundo continua a degradar-se. 70% dos recursos haliêuticos com valor comercial foram já pescados ou encontram-se no limiar de conservação da espécie, o que tem consequências sociais, económicas e ecológicas. A pesca ilegal com planger, realizada por planger que chegam a ser arrastados ao longo de 80 milhas, mata mais de 300 000 aves marinhas por ano. Os peixes capturados acidentalmente representam 20 milhões de toneladas por ano e a morte de pequenas baleias, golfinhos e botos. A alteração do habitat deve-se a atividades como a dragagem, a descarga de resíduos, os depósitos de resíduos sólidos em locais situados no litoral, as construções junto à costa e a construção de estradas, o abate das florestas costeiras e diversas atividades turísticas e recreativas como o mergulho. Embora, por exemplo, os recifes de coral cubram apenas menos de 0,5% do fundo dos oceanos, 90% das espécies marinhas dependem direta ou indiretamente deles. Os recifes protegem também as populações, servindo de barreira entre os oceanos e as comunidades do litoral. Mas 60% do que resta dos recifes de corais correm sérios riscos de desaparecer, durante os próximos 30 anos, se não forem tomadas medidas. 85% das costas europeias estão em perigo, devido à criação de infraestruturas e a outras construções bem como a causas naturais. Cerca de 3000 espécies não indígenas de plantas e de animais são transportadas todos os dias pela água de lastro dos navios. Quando introduzidas em habitats distantes, estas espécies podem reproduzir-se de uma maneira incontrolável, por vezes com efeitos devastadores para a biodiversidade marinha e a economia que dela depende. O aquecimento do clima poderia ter efeitos impressionantes nos oceanos, levando a um abrandamento da sua função de regulação das temperaturas. O Grupo Internacional sobre Alterações Climáticas prevê o aumento tanto da frequência como da intensidade das tempestades e de outros fenómenos climáticos extremos, o que causará danos aos ecossistemas costeiros e reduzirá a sua capacidade de se reconstituírem. Embora o transporte marítimo seja considerado como um meio de transporte que respeita o ambiente, pode ter um impacte negativo considerável, se as normas não forem observadas e aplicadas, pois isso pode conduzir a grave acidentes petrolíferos e a descargas ilegais de poluentes, que vão desde o petróleo bruto às substâncias radioativas.
AQUECIMENTO DAS ÁGUAS
O oceano e os seus habitantes vão ser afetados irreversivelmente pelos impactos do aquecimento global e pelas alterações climáticas. Os cientistas dizem que o aquecimento global, através da subida da temperatura da água do mar, vai elevar os níveis da água e alterar as correntes oceânicas.
Correntes Oceânicas: A água nos oceanos do nosso planeta encontra-se sempre em movimento – arrastada pelas marés, soprada pelas ondas, e movendo-se lentamente em volta do planeta pelas forças do Cinturão Termohalino Mundial (também conhecido como circulação termohalina). O Cinturão é alimentado pelas diferenças de temperatura e de salinidade das águas, e um dos seus componentes mais conhecido, a Corrente do Golfo, transmite à Europa o seu clima relativamente moderado. Para além de manter o clima moderado da Europa e de desempenhar um papel importante no clima do planeta, o Cinturão fornece uma corrente ascendente aos nutrientes do fundo do oceano, e aumenta a absorção oceânica do dióxido de carbono.
O que pode correr terrivelmente mal: De forma preocupante, estudos recentes comunicam que já podem existir provas de uma circulação mais lenta do Cinturão, ao largo da crista oceânica profunda situada entre a Escócia e a Groenlândia. E embora o Cinturão pareça ter funcionado de modo razoavelmente previsível ao longo dos últimos milhares de anos, uma análise aos núcleos de gelo tanto na Groenlândia como na Antártida indica que nem sempre foi o caso. Num passado mais distante, alterações à circulação do Cinturão encontram-se associadas a alterações climáticas bruscas. Resumindo, a diluição da salinidade do oceano – resultante do degelo do Ártico (e do lençol de gelo da Groenlândia) e/ou do aumento de
precipitação – pode descativar, atrasar ou desviar o Cinturão. Este arrefecimento dramático significaria uma enorme perturbação para a agricultura e para o clima europeus, e teria impacto em outras correntes e temperaturas nos mares de todo o planeta.
Subida do Nível das Águas do Mar: É esperada uma subida média global do nível das águas do mar entre 9 e 88 cm (3,5–34,6 polegadas) ao longo dos próximos cem anos, devido aos gases de estufa que emitimos até agora e às prováveis emissões futuras. O fenómeno acontecerá aproximadamente na mesma proporção devido ao degelo e devido à expansão térmica dos oceanos (a água expande-se à medida que aquece). Mesmo esta projeção comparativamente modesta da subida do nível das águas do mar vai provocar destruição. Inundações costeiras e danos provocados por tempestades, linhas costeiras em erosão, contaminação das reservas de água potável por água salgada nas áreas agrícolas, inundação de zonas húmidas costeiras e das ilhas barreira e um aumento na salinidade nos estuários, todas serão realidades de uma subida do nível das águas do mar, mesmo que pequena. Algumas cidades e vilas costeiras em cotas baixas também serão afetadas. Os recursos essenciais para as populações insulares e costeiras, como as praias, a água potável, as pescas, os recifes de coral e atóis e os habitats da vida selvagem também se encontram em risco.
O lençol de gelo da Antártida Ocidental: Há apenas quatro anos era consensualmente aceite que o lençol de gelo da Antártida Ocidental era estável, mas um degelo inesperado na região está a fazer com os cientistas reavaliem essa hipótese. Em 2002, a Larson B, uma plataforma de gelo de 500 mil milhões de toneladas que cobria uma área com o dobro da área da cidade de Londres, desintegrou-se em menos de um mês. Este facto não fez aumentar o nível do mar diretamente, dado que o banco de gelo já se encontrava a flutuar, mas foi um alerta dramático para os efeitos do aquecimento verificado na área.
Depois disso, em 2005, o Programa Antárctico Britânico divulgou a descoberta de que 87 por cento dos glaciares na Península Antártida tinham regredido ao longo dos últimos 50 anos. Nos últimos cinco anos, os glaciares em regressão perderam uma média de 50 metros (164 pés) por ano. Potencialmente, o lençol de gelo da Antártida Ocidental pode contribuir com uns seis metros (20 pés) adicionais de subida do nível da água do mar. Embora as hipóteses de isso acontecer serem consideradas baixas no terceiro relatório de avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, pesquisas recentes apresentam novas provas de importantes desagregações do lençol de gelo. A totalidade do lençol de gelo da Antártida contém água suficiente para elevar os níveis do mar em todo o mundo em 62 metros (203 pés).
Os glaciares da Groenlândia: Em Julho de 2005, cientistas a bordo do navio da Greenpeace “Arctic Sunrise” fizeram uma descoberta impressionante – provas que os glaciares da Groenlândia estão a derreter a um ritmo sem precedentes. Tratava-se apenas de mais uma prova de que as alterações climáticas já não são apenas uma perspectiva, elas já estão a chegar à nossa porta, e isto não é só uma força de expressão para quem vive em regiões costeiras. Os dados indicam que o glaciar Kangerdlugssuaq, na costa oriental da Gronelândia, é provavelmente um dos glaciares mais rápidos do mundo, com uma velocidade de quase 14 quilómetros por ano. As medições foram feitas usando aparelhos de GPS de elevada precisão. No entanto, o glacial regrediu inesperadamente em cerca de cinco quilómetros desde 2001, após ter mantido uma situação estável ao longo dos 40 anos anteriores. O grande lençol de gelo da Groenlândia encerra mais de seis por cento do volume total de água doce do mundo, e está a derreter muito mais rapidamente do que o esperado. Se toda a Groenlândia se derretesse, provocaria o aumento do nível da água do mar em quase vinte pés (seis metros). Os aumentos do nível da água do mar da ordem dos quatro a cinco
pés (1,2 a 1,5 metros), podem significar que locais como Nova York, Amsterdam, Veneza ou Bangladesh vejam inundadas as suas zonas mais baixas. A alarmante regressão do glacial Kangerdlugssuaq sugere que todo o lençol de gelo da Groenlândia esteja a derreter de modo muito mais rápido do que se acreditava anteriormente. Todas as previsões científicas para o aquecimento global partiram do princípio de ritmos mais lentos de degelo. Este novo indício sugere que a ameaça do aquecimento global é muito maior e mais urgente do que se acreditava anteriormente.
Destruição de Habitats: O aumento da temperatura está a influenciar toda a cadeia alimentar marinha. O fitoplâncton, por exemplo, que alimenta pequenos crustáceos incluindo o krill, cresce sob o gelo do mar. Uma redução no gelo do mar implica uma diminuição de krill – que, por sua vez, alimenta muitas espécies de baleias, incluindo as de grandes dimensões. As baleias e os golfinhos encalham com altas temperaturas. As grandes baleias também correm o risco de perder as áreas de alimentação, devido ao degelo e ao colapso dos bancos de gelo, no Oceano Sul em volta da Antártida,. Espécies inteiras de animais marinhos e peixe encontram-se diretamente em risco, devido ao aumento da temperatura – simplesmente não conseguem sobreviver em águas mais quentes. Algumas populações de pinguins, por exemplo, diminuíram em 33 por cento em certas regiões da Antártida, devido à deterioração do seu habitat. A ocorrência crescente de doenças em animais marinhos está também relacionada ao aumento da temperatura dos oceanos.
ACÚMULO DE PLÁSTICO
Durabilidade, estabilidade e resistência à desintegração. As propriedades que fazem do plástico um dos produtos com maiores aplicações e utilidades ao consumidor final, também o tornam um dos maiores vilões ambientais. São produzidos anualmente cerca de 100 milhões de toneladas de plástico e cerca de 10% deste total acabam nos oceanos, sendo que 80% desta fração vêm de terra firme.
No oceano pacífico há uma enorme camada flutuante de plástico, que já é considerada a maior concentração de lixo do mundo, com cerca de mais de 1000 km de extensão, a concentração de lixo estende-se a partir da costa da Califórnia, atravessa o Havaí e chega a meio caminho do Japão, atingindo uma profundidade de mais ou menos 10 metros. Acredita-se que haja neste vórtex de lixo cerca de 100 milhões de toneladas de plásticos de todos os tipos.
Pedaços de redes, garrafas, tampas, bolas, bonecas, patos de borracha, tênis, isqueiros, sacolas plásticas, caiaques, malas e todo exemplar possível de ser feito com plástico. Segundo seus descobridores, a mancha de lixo, ou sopa plástica tem quase duas vezes o tamanho dos Estados Unidos.
O oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, que pesquisa esta mancha a 15 anos compara este vórtex a uma entidade viva, um grande animal se movimentando livremente pelo pacifico. E quando passa perto do continente, você tem praias cobertas de lixo plástico de ponta a ponta.
A bolha plástica atualmente está em duas grandes áreas ligadas por uma parte estreita. Referem-se a elas como bolha oriental e bolha ocidental. Um marinheiro que navegou pela área no final dos anos 90 disse que ficou atordoado com a visão do oceano de lixo plástico a sua frente. “Como foi possível fazermos isso?” – “Naveguei por mais de uma semana sobre todo esse lixo”.
Pesquisadores alertam para o fato de que toda peça plástica que foi manufaturada desde que descobrimos este material, e que não foram recicladas, ainda estão em algum lugar. E ainda há o problema das partículas decompostas deste plástico. Segundo dados de Curtis Ebbesmeyer, em algumas áreas do oceano pacifico podem se encontrar uma concentração de polímeros de até seis vezes mais do que o fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha.
Segundo PNUMA, o programa das nações unidas para o meio ambiente, este plástico é responsável pela morte de mais de um milhão de aves marinho todos os anos. Sem contar toda a outra fauna que vive nesta área, como tartarugas marinhas, tubarões, e centenas de espécies de peixes.
E para piorar essa sopa plástica pode funcionar como uma esponja, que concentraria todo tipo de poluentes persistentes, ou seja, qualquer animal que se alimentar nestas regiões estará ingerindo altos índices de venenos, que podem ser introduzidos, através da pesca, na cadeia alimentar humana, fechando-se o ciclo, na mais pura verdade de que o que fazemos à terra retorna à nós, seres humanos.
DESPEJO DE ESGOTO
Em alguns lugares os esgotos domésticos são lançados diretamente no mar sem tratamento prévio. A água pode ficar imprópria para as pessoas nadarem, devido ao perigo de infecção e pode ainda perder o oxigénio. Os esgotos contêm nutrientes de que as algas necessitam.
Mas nutrientes em demasia podem provocar um crescimento excessivamente rápido. À medida que morrem, as plantas consomem mais oxigénio da água, e outros seres vivos podem sufocar. A este processo chama-se eutrofização.
À medida que a produtividade do fitoplâncton aumenta, a transparência da água diminui, o que provoca uma diminuição na penetração da luz e afeta a comunidade de macrófitas (formas macroscópicas de vegetação aquática) submersas que vivem na zona litoral.
Deste modo, a diversidade do habitat litoral diminui deixando de haver refúgios e/ou alimentos para muitos organismos, o que empobrece as comunidades de invertebrados e vertebrados.
Outra consequência do aumento da biomassa algal é a diminuição da capacidade de autopurificação do sistema, ou seja, o poder de reciclar a matéria orgânica diminui, levando à acumulação de detritos e sedimentos.
Num estado mais avançado a concentração de oxigénio vai diminuindo, a profundidade de compensação (profundidade à qual o consumo de oxigénio iguala a sua produção) diminui e as espécies que não conseguem tolerar concentrações de oxigénio baixas tendem a desaparecer, havendo uma nova redução na biodiversidade. O pH também se altera, passando de neutro ou ligeiramente alcalino a ácido, o que também pode afetar algumas espécies.